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Velhos loucos são os melhores

Escritor alemão discriminado por sua apologia do Nazismo, falecido em 1998 aos 102 anos, faz o elogio do velho e ressalta que, melhor do que um velho, seria um velho louco.

*Ernst Junger – Escritor, filósofo e entomologista

Que nunca fiquemos tão velhos a ponto de perder a capacidade de rir convenientemente das façanhas daqueles que de repente se levantaram e saíram ineptos porque os livros os enlouqueceram! Pelo contrário, estejamos sempre com aqueles que partiram numa bela manhã, firmes nos estribos, a pleno sol, com uma fé inabalável em si próprios e nos tesouros do mundo! Não se cansa de ouvir falar desses homens, seu entusiasmo, suas lutas e suas derrotas. O que o sucesso que o lojista mede com o bastão significa contra isso? Mais do que o astuto aventureiro sulista de Balzac, que abre caminho até a grande cidade para conquistá-la, prefiro o herói de Stendhal, em quem o fogo nórdico arde com a chama orgulhosa e selvagem do viking e do nobre cruzado, e cujas aventuras este homem singular narra, nos seus melhores momentos, com uma voz que oscila entre risos e lágrimas. Mas ainda mais do que Julien Sorel e a família Fabricio del Dongo, prefiro o Caballero de la Triste Figura.

Quando – não devia ter mais de dez anos – aquele livro de um homem para quem a espada e a pena estavam unidas por uma necessidade muito profunda caiu em minhas mãos, não encontrei em suas páginas nem mesmo um toque de humor. Eu li com uma seriedade bem espanhola. Que era loucura estripar odres de vinho com o golpe da espada, Deus sabe que não percebi. Eu respeitosamente participei da armadura do cavaleiro e também tomei parte, tremendo de medo, na noite terrível que antecedeu a aventura dos fullers.

O fato de Sancho ter sido mantido na folha parecia-me um ultraje amargo cometido contra um valente camarada de armas e fiel camarada. Cada vez que uma espada era desembainhada ou uma lança era quebrada para atestar os modos cavalheirescos em face dos malfeitores, eu ficava orgulhoso de meu senhor de La Mancha. Mas o que ainda gosto hoje, como naquela época, é que esse homem não era mais um jovem quando descobriu os fundos ocultos que o mundo possui. É um espetáculo ver como o caule da loucura começa a esverdear sobre aquela vida já árida e ressequida e, empurrada por um fogo interno, se transforma em uma floresta virgem que a envolve com um matagal impenetrável.

Naquela época, acreditava que era preciso ser velho para poder realizar tão grandes e dignas façanhas, e hoje sei que os velhos malucos são os melhores. torna-se uma floresta virgem que o envolve com um matagal impenetrável. Naquela época eu acreditava que era preciso ser velho para poder realizar tão grandes e dignas façanhas, e hoje sei que os velhos malucos são os melhores. torna-se uma floresta virgem que o envolve com um matagal impenetrável. Naquela época eu acreditava que era preciso ser velho para poder realizar tão grandes e dignas façanhas, e hoje sei que os velhos malucos são os melhores.

Ernst Junger,
o coração aventureiro

Foto: Ernst Junger com uma tartaruga