Para uma coisa as próximas eleições terão servido. Para nos mostrar exemplarmente, e sem e sem segunda instância, Quem é Quem no jogo político. Foi o que me disse a Professora Dona Margarida com as suas próprias palavras, ao fazer a sua avaliação do que está cruamente exposto, até, de maneira indecorosa, como costuma ser a realidade e os fatos da vida. Tal crueza chega a ser didática e a maior lição que um observador atilado há de extrair de seus exemplos.
Falava a Mestra do comportamento de duas figuras carimbadas da politica local. Ambos ex-prefeitos de natal, ex-governadores e ex-senadores, severamente julgados nas urnas em 2018, quando foram precipitados de alturas a que apenas uns poucos têm a sorte de alcançar através do voto popular.
José Agripino Maia e Garibaldi Alves Filho são as nossas personagens, ambos já idosos e experientes, embora divirjam quanto ao caráter e a percepção da realidade que pode ser contundente. Dos dois, apenas um poder-se-ia apresentar-se, do ponto de vista do emprego, como profissional liberal, pois, por alguns anos de sua vida, engenheiro civil foi e teve contrato de trabalho regularmente assinado. Já o outro, desde mocinho, viveu sempre da política, deputado eleito que foi em tenra idade, no mesmo ano em que dei o meu primeiro voto, quando ainda pensava que o mundo se faz com trabalho, honestidade e obediência às leis, conceitos atualmente avariados pelos maus exemplos que nos dão de maneira desbragada e sem afligir-lhes a consciência, as autoridades que se incrustam nos 3 Poderes.
Pois bem, voltemos à velha mestra oriunda de um tempo em que um Mestrado já era um ponto culminante numa carreira universitária. Ela, por exemplo, nunca teve Doutorado, mas, por esforço próprio, tornou-se uma dedicada desasnadora de jovens que encaminhou na vida, a maioria, hoje, de pais e avôs.
Dona Margarida, apesar de sua doçura intrínseca, parece-me às vezes com aquela Molly descrita por Joyce, que em sua distante Irlanda tratava dos problemas morais tal qual o açougueiro trata da carcaça da vaca. Sem hipocrisia e sem frequentar a Missa. Uma mulher, por muitos anos, em permanente luta pela sobrevivência que resultou numa aposentadoria que não se pode dizer recompensadora. Já idosa, como outros, continua pensando para manter as contas em dia.
Bolsonarista e temente a Deus, por temperamento e índole desconfia de papa-hóstias e de homens que vivem mostrando os dentes e apertando a Mão de todo mundo. ‘’Como Garibaldi, visse?’’ Para ela, exemplo de político profissional capaz de mascarar seus interesses com sorrisos dentuços e tapinhas nas costas. ‘’Muito diferente do filho de Tarcisio, antipático quase sempre, mas sabendo dar-se ao respeito’’, afirma, aludindo o papel de ambos nessas eleições mudarão ou afundarão o Brasil de uma vez por todas. ‘’É puxá-lo para a superfície pelo voto ou afundá-lo no abismo até o Dia do julgamento Final…’’
De fato, dona Margarida está muito desencantada com políticos que só pensam em si e procuram tirar proveito de tudo em prejuízo de todos. Ela não se conforma com a hipocrisia e considera escandaloso que um cristão, papador de hóstias, alie-se a abortistas, em clara contradição com princípios religiosos que orientam a vida e para os católicos constituem dogmas.
Já Agripino lhe merece melhor conceito. Como Garibaldi, julgado nas urnas pelo voto, aceitou cristã e humildade a sentença que condenaram um e outro ao ostracismo. ‘’A vez deles passou. Sem grande proveito para quem os tem elegido. Agripino entendeu isto e ficou na dele. Mas Garibaldi mostra-se ganancioso e desrespeitoso com o povo e com ele mesmo, humilhando-se à governadora, que graças a Deus também será julgada nas urnas…’’