*Alexsandro Alves
Qual o problema de artistas políticos?
E antes de iniciar uma possível resposta, preciso dizer que não é implicância com o pop ou com a cultura rica da lata de lixo hollywoodiana. A militância política por parte dos artistas se inicia com os românticos no século XIX: Franz Liszt era apoiador de muitas causas beneficentes; com a morte de Giuseppe Verdi, conforme deixou em testamento, toda a sua fortuna foi doada para asilos de artistas, uma causa nobre pela qual sempre se preocupou e teria com certeza sido pauta de debates quando se tornou senador, caso sua saúde não o impedisse de frequentar o Senado; Richard Wagner apoiou causas contra os maus-tratos aos animais e fez campanha acirrada contra o trabalho de mulheres e crianças em minas de carvão, assim como também questionava as condições de trabalho dos operários, qualificando-as como desumanas.
No Brasil, muitos românticos foram abolicionistas e, na Semana de 22, vários de seus integrantes eram simpáticos ou mesmo declarados comunistas. Enfim, os artistas representantes da alta cultura também se envolveram com política.
Mas eu quero implicar com esses artistas pop modernos, porque é tudo lantejoula, plumas e paetês.
Arlequinal…
O bon-vivant Leonardo DiCaprio tem se notabilizado pela defesa dos índios yanomamis. Ele ecoa a frase de Al Gore, em 1989, a Amazônia não é apenas do Brasil, é de todos nós, o mesmo falou, em 2021, Emanoel Macron. Que lindo, não é? Essa partilha amorosa de um político estadunidense e de outro francês, verdadeiras Madres Teresa de Calcutá.
Me lembro que um político, em discurso em uma universidade estadunidense, nos início dos anos 2000, afirmou que a Amazônia era apenas nossa, procurei seu nome no Google mas não consegui achar. Hoje, os brasileiros não podem afirmar isso, sobretudo em campanha, porque a Amazônia é internacionalizada ou demarcada. Roraima é rico em minerais estratégicos, porém, um mapa de Roraima feito pelo Serviço Geológico do Brasil, do Governo Federal, mostra que as principais reservas minerais do estado, como as de ouro, diamante, nióbio e outros minerais nobres, estão sobre as reservas yanomami e Raposa Serra do Sol, ou seja, ninguém pode tocar, ao menos os brasileiros. ONGs, ninguém sabe…
Será esse o real interesse desses estrangeiros em preservar o meio ambiente? Uma espécie de neocolonialismo…
E onde entra DiCaprio?
Não é DiCaprio, é a hipocrisia sem vergonha de bancar bom mocismo ou sinalizar virtude.
DiCaprio tem uma praia particular, cercada. Não é uma mansão, apenas, na praia. É a praia inteira. A virtude desse ator, tão comprometido com o meio ambiente, destruiu a costa da Tailândia quando das filmagens do filme A praia, em 2000. Nunca DiCaprio, ou sua equipe, ressarciu o país em um único centavo!
Hoje ele é a voz da militância cheirosa ecológica. Como Greta Thunberg, que viaja de avião e navio para dizer às pessoas que não consumam combustíveis fósseis. É muita patifaria e falsa virtude brilhando como belo e moral. Um dado interessante ocorre com Richard Gere, ele levantou a bandeira do Tibete, na época, um exemplo para o politicamente correto. Mas Gere não contava que o Destino tinha outros planos: a China se torna importantíssima, enquanto mercado, para Hollywood, e a virtude de Gere nem é lembrada mais hoje. Vai ter que encontrar outra. Sugestões: pautas LGBT+, Black Lives Matter, democracia. São virtudes, por enquanto, bem-vindas pelo establishment. Uma outra sugestão, mais ousada. Gere pode aproveitar o tema do filme Uma linda mulher e levantar a bandeira da descriminalização da prostituição, com direito a uma carteira assinada internacional, para facilitar. Com essa virtude, ele poderia lançar inúmeros filmes sobre o assunto e faturar nessa modalidade de virtude no mercado de moedas políticas.
Voltando.
E estão entregando a Amazônia. A preocupação não é com os indígenas ou com a árvore ou a arara. É com aquilo que Marylin Monroe imortalizou quando cantou sobre os melhores amigos das mulheres.
Mas não há no Brasil hoje, um único político que desmascare as pretensões estrangeiras sobre a nossa Amazônia.
Nossa.