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Volta, Jesus!

Professora credita ao Poder Executivo e ao Supremo Tribunal Federal todos os males do Brasil; neste artigo, ela também critica a pedofilia na Igreja Católica e clama pela extinção da humanidade

Nadja Lira

As cidades de Sodoma e Gomorra, de acordo com os ensinamentos bíblicos, foram destruídas por Deus, com fogo e enxofre, para que seus habitantes pagassem por seus pecados. A falta de hospitalidade para com os forasteiros, a crueldade praticada contra os semelhantes, a ganância e o apego aos bens materiais, a falta de compaixão e a perversão sexual foram algumas das faltas praticadas pela população das duas cidades, que se tornaram insuportáveis aos olhos de Deus. Então, Ele enviou dois anjos à Terra para tocar fogo em tudo.

Cada vez que leio os jornais ou assisto aos noticiários da TV fico me perguntando por que razão Deus tem sido tão benevolente com a humanidade nos dias atuais? O que será que ainda falta acontecer para que Ele mande tocar fogo neste mundo onde impera todo o tipo de desgraça?

Tudo o que vemos na atualidade é o culto desenfreado à ganância, especialmente quando se trata dos três Poderes legalmente constituídos em nossa República brasileira. É graças à ganância dos políticos que se alastram as outras desgraças pelo país afora, deixando uma horda de miseráveis sem ter o que comer e outra morrendo à míngua, por falta de atendimento nas filas dos hospitais. O Executivo gasta mais dinheiro com presídios do que com escolas.

Enquanto isso, no Olimpo do Judiciário, as excelências parecem viver em um mundo irreal e têm plena consciência de que são deuses intocáveis. Para encher suas panças, comida e bebida especiais à custa do dinheiro público. Pouco importa se para saciar sua gula existem milhares de brasileiros passando por todo tipo de necessidade, inclusive alimentar.

Para mostrar que têm poder, riem-se das leis e rasgam a Constituição sem qualquer escrúpulo e com apenas uma canetada derrubam as condenações em segunda instância, apenas para defender o maior ladrão da história “destepaíz”. Com essa atitude, deixam o Brasil à mercê de mais de mil bandidos em liberdade para que possam praticar novos crimes.

Sabe-se que, ao incendiar Sodoma e Gomorra, Deus ainda não havia enviado aos homens nenhuma norma ou lei. Eles, porém, tinham consciência de que praticavam excessos, especialmente porque recebiam reprimendas de Abraão.

Mas, o que dizer da humanidade de hoje que, além de conhecer os meandros das leis vigentes no país, tem uma gama imensurável de informações que podem ser recebidas através dos mais diversos canais?

A grande pergunta que vivo me fazendo é: por que será que Deus ainda tem tanta consideração pelo ser humano? O que será que Ele pensa a cada vez que explode uma denúncia contra um padre que pratica abuso sexual contra crianças?

O frade franciscano norte-americano Benedict Groeschel (1933-2014), de Nova York, por exemplo, teve o insensatez de afirmar que “algumas crianças são vítimas de pedofilia porque seduzem seus agressores”. A afirmação foi feita quando o religioso escreveu um artigo para o site National Catholic Register (NCR), em agosto 2012. A publicação foi retirada do ar com um pedido de desculpas dos editores.

O povo de Sodoma e Gomorra não tinha leis a serem respeitadas, diferentemente de cada ser humano que vive neste mundo globalizado. Então, o que será que ainda falta para Deus enviar anjos incendiários para acabar com as desgraças praticadas neste mundo? Os humanos estão facilitando as coisas: até óleo já está tomando conta do Oceano Atlântico. Portanto, só nos falta engrossar o coro e pedir com fervor: volta, Jesus! Volta, Jesus! Volta, Jesus!

Nadja Lira é professora, jornalista e filósofa.

EM NOME DE DEUS? O franciscano nova-iorquino Benedict Groeschel, o qual afirmou que as crianças e os adolescentes que sofrem abusos sexuais praticados por padres são culpados porque eles “seduzem” os religiosos; no mesmo artigo publicado em 2012 no site National Catholic Register, ele defendeu, ainda, que nenhum pedófilo de batina fosse preso; o texto foi retirado do ar devido à repercussão negativa na comunidade católica e entre líderes religiosos e governamentais ao redor do mundo