*Da Redação
Entrevistado por Ronny César, um jovem modelo e advogado cheio de carisma e curiosidade, o escritor e jornalista Franklin Jorge fala sobre Navegos, revista digital pluralista e colaborativa que edita com sucesso, reporta-se aqui aos bastidores desse trabalho que marca uma parceria com Toinho Silveira, no momento envolvido com a sua campanha para vereador.
Abaixo, fragmentos das notas feitas pelo entrevistado, introdutor ainda nos anos de 1970 do conceito de Jornalismo Cultural em nossas redações, sobre o encontro que certamente há de despertar o interesse de milhares de internautas por toda a parte:
“Tive ontem à tarde o prazer de ser entrevistado por Ronny César para o programa YES! Diversão e Arte, do Canal NPM. Encontramo-nos no Midway onde tivemos agradável sessão de trabalho que contou com a inesperada colaboração do fotógrafo e bom amigo João Maria Alves, que nos ajudou com a filmagem que se seguiu a uma longa conversa na qual fui interrogado, perquirido e virado pelo avesso. há muito que não me divertia tanto. sobretudo por puder mostrar o meu trabalho.
“Antes, meu educado e elegante entrevistador quis conversar para conhecer-me melhor e instruir-se sobre a pessoa que sou e o que a Cultura e a escrita jornalística representam para mim.
“O alvo de seu interesse era Navegos, revista digital pluralista e colaborativa que fundei e da qual sou o editor contrariado, em substituição ao editor que me precedeu, o talentoso e complexo Sílvio Santiago, que saiu para fazer outras coisas. Braço midiático da Feedback Livros, Produtos e Comunicação, micro-empresa que criei com o intuito de pôr de pé uma gama de projetos culturais, como a Quinta Verdejante, o In stituto Franklin Jorge e um Espaço Cultural para preservar e divulgar meus arquivos, além de uma loja virtual especializada em coisas exclusivas. Projetos que intentam ver a Cultura para além do lugar-comum, que parecem orientar nossos encruados gestores culturais à serviço do oficialismo.
“Profissionalmente, disse-lhe, nunca me ative ao propósito de ganhar dinheiro e fazer fortuna como alguns calhordas usam o jornalismo. Outro tem sido o meu propósito, fazer História e influir na História do nosso tempo, a partir deste rincão potiguar. Marcar o meu nome por meio da criação de uma obra que possa servir de referência às gerações futuras. Algo, portanto, mais ambicioso do que apenas investir em status, palavra e conceito que considero antipaticíssimos e não ocupam meus pensamentos.
“Creio que esse propósito me foi incutido por minha avó materna, que acreditava na força do espírito e valorizava acima de tudo o intelecto. Como leitora de Proust – que leu em sua juventude ao tempo em que fazia a Escola Normal e era aluna dos professores Francisco Ivo (professor de Câmara Cascudo) e de Tommaso Babbini, que a orientou na música e no canto, pensava que a Imortalidade é possível, sim, mas somente através a criação de uma obra capaz de justificar a existência. a propósito, Babbini foi o homem que arruinou o pai de Cascudo, ao cobrar-lhe judicialmente uma pequena dívida.
“Essa tem sido, desde a minha mais tenra mocidade, a maior de minhas obsessões, a mais presente em minha vida, duradoura. Que importa-nos viver, se não criamos? Se não fôssemos capazes de constituir um legado que nos representasse no futuro? Criar, pois, para burlar a morte, que tarde out cedo chega para todos. Valemos pelo que deixamos depois de nós. É fatal, portanto, que sejamos identificados pela obra, que é tudo que me importa e, como disse, me obsessiona. Sem o seu arrumo, seria de preço comum na pedra do mercado. Além do mais a escrita é minha artilharia, algo que mantém a mediocridade à distância.
“Embora os animais sintam, somente ao homem foi dado a condição de ser pensante. Isto deveria significar alguma coisa, para alguns, mas, infelizmente, não são todos os que pensam. Bergson, Henry Bergson, primo de Proust e um dois últimos filósofos franceses, coloca-nos uma questão palpitante: o número de seres humanos que pensam é muito menor do que podemos supor. A maioria é apenas movida por impulsos.
“Quanto a mim, diria que sou um racionalista, alguma vez movido por impulsos. Há um selvagem em mim, apesar de minha Cultura e refinamento intelectual”.