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Ziraldo e os falsos heróis do Brasil

Precisamos de um revisionismo histórico no Brasil que recole as peças em seus devidos lugares.

*Alexsandro Alves

[email protected]

 

 

A morte do cartunista Ziraldo fez o brasileiro lembrar de um indivíduo que padecia em um leito hospitalar desde 2018! Com sua morte, o fogo de palha das lembranças emotivas brasileiras se acendeu novamente.

Ziraldo foi uma daquelas figuras que lutaram contra os militares durante o Regime Militar.

Essas pessoas, hoje, são tidas como heróis e nos colocam suas vidas como exemplos de luta pela liberdade e pela democracia. Indivíduos idôneos e cheio do amor, do fogo que arde pelo mais fraco, pelo oprimido!

No caso de Ziraldo, o cartunista queimou e infernizou a vida de Wilson Simonal, ao ponto de destruir completamente a reputação do cantor. Por que Ziraldo agiu dessa maneira contra Simonal?

Havia comentários nos bastidores do movimento comunista contra os militares de que Simonal era um informante das FFAA, que Simonal dedurava companheiros.

Nunca foi provado nada.

Mas e se fosse verdade? Se Simonal tivesse sido um informante dos militares?

O problema, para mim, é que quem defende os revolucionários que lutaram contra os militares entre 1964 e 1985, convenientemente se aliena de alguns fatos e permanece com o conhecimento ainda dentro dos fatos daquela época. Ou seja, prefere perpetuar uma má e defeituosa consciência histórica.

Época em que nem todos os fatos eram alardeados ou mesmo conhecidos.

Naquela tempo, se pensava que se lutava o bem contra o mal, comunistas contra militares, respectivamente.

Alicerçados no sonho do socialismo soviético, esses revolucionários queriam trazer para o Brasil a URSS. Porque contra o capitalismo opressor, contra a barbárie do capital, o socialismo, o exemplo soviético!

Porém ainda não se sabia o que de fato se passava na URSS.

Em outras palavras, esses revolucionários lutavam enganados. Isso precisa ser revisto, isso precisa ser colocado, isso precisa ser ensinado, para uma transformação da consciência histórica nacional.

Ziraldo e outros, como José Dirceu, lutavam sem saber de fato o que ocorria na URSS. Os crimes, as torturas, as perseguições, os desaparecimentos, parece familiar? Não, não falo dos militares brasileiros, falo dos comunistas soviéticos!

O regime da URSS foi muito pior do que o AI-5!

Mas não se sabia de fato. E qualquer assertiva nesse sentido, entre 64 – 85, era vista como traição.

Mas hoje não há mais como negar isso. A luta revolucionária daqueles anos, caso saísse vitoriosa, traria para o Brasil o mesmo terror instaurado por Stálin e perpetuado por seus sucessores. Documentos oficiais, relatos de cidadãos que viveram aquele período soviético, confirmam que a URSS foi pior e mais cruel, mais sangrenta e assassina do que todo o período brasileiro entre 64 – 85. Infinitamente pior. Foram milhões de mortos, torturados, desaparecidos.

A chamada “ditadura”, quando comparada com o que ocorreu na URSS, se transforma em “ditabranda”.

Porém, hoje, mesmo com todos esses fatos conhecidos, a esquerda ainda teima, ainda insiste em falar daqueles anos com o seu maniqueísmo delirante. Não encaram a verdade.

Qual verdade? A verdade de que lutaram para implantar no Brasil uma ditadura pior do que a que governava o Brasil.

Na época não sabiam. Todavia agora não têm como negar.

Foram heróis enganados. Mas não admitem.

Lutaram por uma mentira, mas não admitem.

Lutaram sem nem mesmo conhecer a fundo o que ocorria na URSS, mas não admitem.

Lutaram para transformar o Brasil no que hoje é Cuba, mas não admitem.

E ao não se admitir tudo isso, aqueles militantes do passado entram como verdadeiros heróis para a História.

Todavia, diante dos fatos hoje sabidos, não foram heróis, foram marionetes.

Mas não admitem.

Não há heróis no Brasil, nem de um lado nem do outro, mas há, ou precisa haver, ou precisa começar a haver, uma consciência histórica mais acurada. Aí, sim, podemos ver quem de fato foi herói.